quinta-feira, 2 de outubro de 2008

terça-feira, 8 de julho de 2008

Vestibulares e atenção ao surdo nas universidades

Assunto: vestibulares e atenção ao surdo nas universidades

Tema: acessibilidade

Prezados Senhores

Sendo pai de estudante universitário com deficiência auditiva e por isso acompanhando a evolução das escolas instaladas em Curitiba, sinto que o progresso no atendimento ao estudante surdo é lento, havendo casos de regressão na atenção dispensada a esse contingente de cidadãos brasileiros.

Especialmente em relação ao deficiente auditivo as dificuldades são maiores diante da utilização exclusiva por muitos deficientes auditivos da Linguagem Brasileiras de SinaisLibras (Lei 10.436 federal de 2002, Lei estadual do Paraná No 12.095, de 1998).

Se não for oralizado, o aluno nessa condição carecerá de compreensão da nossa língua portuguesa, implicando em restrições severas. Sendo estudante com treinamento para leitura labial, ainda assim terá dificuldades de compreensão das sutilezas da nossa língua comum, existindo uma barreira considerável aos esforços de preparação do estudante com restrições auditivas. Acrescente-se a isso as dificuldades de entrosamento com os colegas de sala de aula e as rejeições decorrentes dessas limitações de comunicação e teremos um quadro perverso, agravado pela visão que a maioria das pessoas têm do surdo, acreditando que suas limitações são superáveis com próteses comuns.

A responsabilidade de nossas universidades públicas é muito grande, pois, sendo entidades mantidas pelo povo, devem muito justamente atender a todos, ainda mais diante do que estabelecem nossas leis e estatutos.

Para orientação nossa, responsáveis pela ABDC – Associação Brasileira de Defesa Cívica, pedimos aos senhores, se possível, informar como as universidades em sua região estão atendendo o deficiente auditivo.

O questionário a seguir é apenas uma orientação pois qualquer informação que puderem nos enviar em relação a esse tema será aproveitada em nossa luta a favor dos deficientes auditivos e demais PPDs.

1. Quantos alunos com necessidades especiais existem dentro das universidades públicas de sua região (por favor, definir a região)?

2. Como se divide esse público (surdos, cegos, paraplégicos, etc)?

3. Nos cursos de terceiro grau existentes no vosso estado:

a. Como as universidades, operando no vosso estado, atuam para garantir direito justo de acesso aos surdos?

b. Oferecem tradutores para LIBRAS?

c. A contratação de tradutores para LIBRAS foi precedida de ações judiciais?

4. As universidades têm programas de evolução do corpo docente no atendimento a pessoas com necessidades especiais na área auditiva?

a. O que esses programas prevêem realizar?

b. De que forma?

c. O que contêm?

d. Quem são os responsáveis por esses projetos e programas?

e. Que recursos estão alocados para a execução desse trabalho?

5. Qual é o cronograma de implementação dos programas existentes?

6. O que já foi realizado?

7. Como as universidades existentes em vosso estado pretendem avaliar o sucesso de suas inovações a favor dos estudantes especiais?

8. Essas universidades mantêm programas educacionais para convivência pró-ativa com os alunos especiais (corpo docente e discente)?

9. As universidades desenvolvem pesquisas e produtos para melhor atendimento aos PPDs?

a. Podem relacionar esses projetos de P&D?

10. As universidades de vossa região têm acordos, convênios ou programas de intercâmbio técnico e cultural com outras universidades e ONGs para melhor atendimento aos surdos?

Temos a convicção reforçada por algumas verificações pessoais de que nossas universidades estatais não se prepararam para atender os portadores de deficiências, principalmente os surdos. Além de vestibulares inadequados, o que reduz substancialmente a presença desse tipo de aluno em suas salas de aula, não vimos, por exemplo, treinamento de professores para a apresentação de suas aulas.

Quando questionados apresentam planos abrangentes, vagos e prolixos mas sem propostas objetivas, concretas. Se cobrados com mais rigor alegam falta de recursos materiais, de criação de vagas etc.

Podemos, ainda, reforçar nosso questionamento lembrando que existe a possibilidade de desenvolvimento de recursos para melhor comunicação entre alunos e professores, como, por exemplo, disponibilizar via Internet suas matérias com explicações detalhadas das aulas proferidas. Nesse sentido propomos em diversas ocasiões no estado do Paraná a criação de bibliotecas de livros didáticos em formato eletrônico.

A oferta de livros didáticos em formato eletrônico seria útil a todos os alunos, mas, para os surdos e cegos, poderia ser enriquecida por padrões especiais de modo a se viabilizarem como fontes de comunicação eficientes.

Tendo lecionado na Universidade Tuiuti, CEFET, UFPR e UFSC em épocas diferentes e acompanhando os desafios da inclusão, entendemos que existe a necessidade de um esforço maior, permanente e objetivo para a viabilização do aluno portador de deficiência nas universidades. O problema vem de fora delas, principalmente na falta de educação de alunos e professores em todos os níveis, e se cristaliza numa visão quase fatalista no ambiente universitário estatal (falta de verbas, rotatividade de comando, baixo nível de agressividade dos alunos especiais na luta pelos seus direitos etc).

Conhecendo a superestrutura e o corporativismo dominante nas escolas de terceiro grau, principalmente naquelas sob comando de governo, entendemos que se faz necessário criar e manter pressão forte para que se preparem e atendam bem os alunos especiais. Nossas estatísticas são indicadores eloqüentes da exclusão implícita e explícita a partir de cursos de segundo grau, precariamente acessíveis ao aluno especial, vestibulares mal feitos e a dificuldade de permanência com bom aproveitamento em nossas universidades.

O pesadelo do estudante portador de deficiência, quando não múltiplas, pode ser minimizado se todos trabalharem para a solução dessa adversidade, via de regra sem qualquer responsabilidade do aluno especial, nessa condição como vítima de acidentes, medicação inadequada, má alimentação, questões genéticas etc.

Sem mais para o momento, subscrevemo-nos

Atenciosamente

Atenciosamente

João Carlos Cascaes

Diretor Técnico da Associação Brasileira de Defesa Cívica - ABDC

Curitiba, 06.04.2008

Coordenadas:

jccascaes@onda.com.br

Rua Dorival Pereira Jorge, 282, Vila Isabel, Curitiba PR 80320-060

Telefax: x41 3242 7082

Ciente

Ariadne Zippin Monteiro da Silva

Presidente da Associação Brasileira de Defesa Cívica - ABDC

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A surdez e o transporte coletivo

Entre os portadores de deficiências talvez os menos lembrados sejam aqueles que têm redução de capacidade auditiva. A mídia mostra com mais ênfase as pessoas que se apresentam nitidamente diferentes, esquecendo o drama de muitos que até não dão entrevistas por efeito da dificuldade de comunicação. Essas limitações se refletem na falta de cuidados que quase todos poderão sentir, se viverem o suficiente. O envelhecimento pode trazer problemas auditivos em pessoas já habituadas a ouvir normalmente. Nesses casos o desafio maior é a dificuldade de adaptação do idoso, levando-o ao isolamento até em conversas entre amigos.
No transporte coletivo urbano, interurbano e em todas as espécies de sistemas é fácil ver que esqueceram o surdo. Os sistemas de comunicação de emergências e operacionais dinâmicos, quando existem, principalmente em rodoviárias e terminais urbanos, são à base de alto-falantes, freqüentemente operados de forma tão precária que até as pessoas sem restrições auditivas encontram dificuldades de entender.
Felizmente a tecnologia é uma ciência que apresenta mais e mais recursos a favor da sobrevivência humana. É fácil e já não tão caro fazer e instalar painéis dinâmicos de comunicação escrita, ou, pelo menos, com sinais convencionais de alerta. Esses painéis deveriam ser colocados em pontos estratégicos, escolhidos criteriosamente, de modo a serem visíveis pelo maior número de pessoas, e com letras e sinais suficientemente grandes a compensar problemas visuais.
Alegar falta de recursos é algo difícil de aceitar quando vemos o luxo adotado pela Infraero em nossos aeroportos. As rodoviárias brasileiras são um caso de polícia, ruins para todos. Isso não significa, contudo, que devemos aceitar o que existe, afinal, basta existir alguma oportunidade de festa e mídia para governadores e prefeitos descobrirem recursos para enfeitar os lugares e circuitos dos “formadores de opinião” além fronteiras.
O deficiente auditivo precisa ver, ter luz, enxergar para compensar problemas de compreensão sonora. Isso também implica na qualidade da iluminação, na necessidade de prever contatos visuais até em locais reservados, como os banheiros públicos. Podemos e devemos imaginar situações em que a pessoa carente de assistência precisa ser descoberta e ela ter condições de se fazer anunciar. Afinal, temos ou não bons arquitetos, engenheiros e outros profissionais que planejam e constroem nossas cidades?
É nas cidades que sentimos a necessidade de mais cuidado com o idoso e o portador de deficiência(s), de modo geral. Somos um país com um povo onde predominam pessoas jovens ou adultos recentes, gente que ainda não sabe o que é ter limitações motoras, sensoriais e, ou, mentais. Um exemplo disso é o desprezo pelas calçadas, que além de mal feitas, abandonadas, são espaços de estacionamento de automóveis de indivíduos incapazes de compreender a importância desses circuitos para os pedestres, mais importantes, com certeza, para aqueles que têm restrições naturais ou adquiridas.
O transporte coletivo, entre as muitas atividades a serviço do povo, pode e é um sinal da sensibilidade de governantes que precisam entender que nosso maior problema é simplesmente sobreviver em ambientes tão hostis quanto estão ficando as cidades. Não precisamos procurar causas estranhas e complexas para morrer, para ficar isolados, é na rotina da vida urbana que descobriremos a violência e a omissão de nossas lideranças.
Concluindo queremos desafiar a todos a se mobilizarem a favor dos portadores de deficiências, e em nosso caso, em defesa dos deficientes auditivos. Há muito a ser feito e as soluções não são impossíveis. O fundamental é conscientizar os planejadores e gerentes de ruas, estradas, parques, rodoviárias, veículos, etc e aqueles que operam e transitam por esses equipamentos, lembrar-lhes que existem seres humanos que perderam ou nunca tiveram audição normal. Tendo consciência e boa vontade saberemos melhorar a vida dessas pessoas e de todos aqueles que viverem o suficiente para atingir a idade em que perdemos as qualidades físicas que talvez tenham marcado nosso comportamento mais juvenil.

Cascaes
16.3.2006

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Ranking Social

Qualificar e medir são atitudes essenciais na avaliação de qualquer instituição, processo, produto etc. Se não medimos, não podemos comparar, estabelecer metas, conquistar um padrão melhor. Qualquer gerência ou trabalhador precisa de indicadores para saber se evolui ou não. Viver sem dados e fatos é navegar sem rumo, podendo-se perder ou ganhar sem consciência, sem méritos.
Ecologia e meio ambiente (bichos e plantas) são assuntos que ganharam espaço, temos selos para identificar empresas.
Na área social aos poucos descobrimos indicadores universais; ótimo!
A nação brasileira carece de desenvolvimento social. Temos inúmeras igrejas e templos, religiões, seitas, partidos políticos, militantes de ideologias de toda espécie etc. Falta-nos, contudo, sinceridade e relações justas, adequadas às nossas necessidades. Não carecemos de leis, varas, fóruns, estatutos e outros tipos de organização e documentos. Não temos, contudo, instrumentos eficazes de avaliação social de nossas instituições. Talvez pelo medo da verdade cultivemos o silêncio. Precisamos conhecer e mostrar a todos nós o que somos para que saibamos evoluir.
É nosso desafio construir estratégias de apontamento dos melhores e de orientação dos demais, dizendo-lhes com clareza se estão ou não avançando em suas metas de valorização do ser humano.
Podemos, por exemplo, criar uma avaliação das nossas universidades. Nelas formamos os futuros profissionais, líderes e juízes. Qual seria a nota que daríamos a cada instituição de ensino de terceiro grau se usássemos o tema “acessibilidade” como base de julgamento? Os professores de nossas universidades aceitariam passar por um “provão” de verificação de conhecimento da legislação existente? Nossas escolas oferecem, no mínimo, o que as muitas leis determinam? Qual é o padrão de educação oferecido? Em nossas escolas pratica-se o teatro educativo? Elas promovem regularmente palestras com especialistas em comportamento social? Merecem serem governadas por reitores independentes?
Em Curitiba discute-se a qualidade das calçadas. Graças a isso o direito de caminhar, de ir e vir das pessoas com necessidades especiais entrou na mídia. Assim avançamos um pouco na sensibilidade social. Outros assuntos esperam o momento de análise. Infelizmente nem todos podem esperar. Cada dia, mês, ano de espera significa muito sofrimento, exclusão, violência contra pessoas que dependem de ajustamentos de nossa sociedade para poderem conviver em harmonia com a população em geral.
Motivação e mobilização são necessárias para que se mudem comportamentos.
O que fazer?
Maravilhosamente no plano federal algumas leis aconteceram para amparo de ações sociais significativas. Elas serão inúteis se não agirmos para que “peguem”, como se costuma dizer em nossa terra de muitos carimbos e pouca ação.
Algumas associações têm promovido concursos entre filiados para identificação de bons projetos e ações sociais. Como discutir e implementar indicadores gerais com aplicação precisa em nossas cidades?
Nos termos das leis federais 10.048/2000 e 10.098/2000 e decreto 5.296/2004, que as regulamenta, assim como com os estatutos e a legislação internacional podemos, tranqüilamente, desenvolver critérios de avaliação de nossas instituições. Precisaremos, naturalmente, de pessoas com idoneidade e competência para medir e julgar. Acreditamos que elas existam em nossa sociedade, o desafio é encontrá-las e cativá-las para esse projeto, que poderia ser uma espécie de agência reguladora informal.
Por tudo o que vimos é válido e oportuno encontrarmos uma forma de motivação daqueles que governam diretamente e indiretamente o nosso povo. Precisamos acelerar mudanças de comportamento, até porquê poderemos ser os maiores beneficiários dessa transformação à medida que, envelhecendo, tornarmo-nos pessoas com necessidades especiais.
Precisamos de propostas, alguém tem?

Cascaes
18.1.2007

Pessoas surdas e os desafios para a inclusão

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