Assunto:  vestibulares e atenção ao surdo nas universidades
  
 Tema:  acessibilidade 
  
 Prezados Senhores
  
 Sendo pai de estudante  universitário com deficiência auditiva e por  isso acompanhando a evolução das escolas instaladas em Curitiba, sinto que o progresso  no atendimento ao estudante surdo é  lento, havendo casos de regressão na atenção dispensada a esse contingente  de cidadãos brasileiros.
 Especialmente  em relação ao deficiente auditivo as dificuldades são  maiores diante da utilização  exclusiva por muitos deficientes auditivos da Linguagem Brasileiras de Sinais – Libras  (Lei 10.436 federal de 2002, Lei  estadual do Paraná No 12.095,  de 1998).  
 Se não for oralizado, o  aluno nessa condição carecerá de compreensão da nossa língua  portuguesa, implicando em restrições severas. Sendo estudante com  treinamento para leitura  labial, ainda assim terá  dificuldades de compreensão das sutilezas da nossa língua  comum, existindo aí uma barreira  considerável aos esforços de preparação do estudante com restrições  auditivas. Acrescente-se a isso as  dificuldades de entrosamento com  os colegas de sala de aula e  as rejeições decorrentes dessas limitações de comunicação e teremos um quadro  perverso, agravado pela  visão que a maioria  das pessoas têm do surdo, acreditando que suas  limitações são superáveis com próteses  comuns.
 A responsabilidade de nossas  universidades públicas é muito grande,  pois, sendo entidades mantidas pelo  povo, devem muito justamente  atender a todos, ainda  mais diante do que  estabelecem nossas leis e estatutos.
 Para orientação nossa, responsáveis pela ABDC – Associação Brasileira de  Defesa Cívica, pedimos aos senhores, se possível, informar como as universidades  em sua região estão atendendo o deficiente  auditivo.
 O questionário a seguir é apenas uma orientação pois qualquer informação  que puderem nos enviar em relação a esse tema será aproveitada em nossa luta a  favor dos deficientes auditivos e demais PPDs.
  
 1.    Quantos  alunos com necessidades  especiais existem dentro das universidades públicas de sua região (por favor,  definir a região)?
  
 2.    Como  se divide esse público (surdos,  cegos, paraplégicos, etc)?
  
  
 3.    Nos  cursos de terceiro grau  existentes no vosso estado:
  
 a.    Como  as universidades, operando no vosso  estado, atuam para garantir direito  justo de acesso aos surdos?
  
 b.    Oferecem  tradutores para LIBRAS?
  
 c.    A  contratação de tradutores para LIBRAS foi precedida de ações  judiciais?
  
  
 4.    As  universidades têm programas de evolução do corpo docente no atendimento a  pessoas com necessidades  especiais na área auditiva?
  
 a.    O  que esses programas  prevêem realizar? 
 b.    De  que forma?  
 c.    O  que contêm? 
 d.    Quem  são os responsáveis por  esses projetos e programas? 
 e.    Que  recursos estão alocados para a execução desse  trabalho?
  
 5.    Qual  é o cronograma de implementação dos programas existentes? 
  
 6.    O  que já foi realizado?
  
  
 7.    Como  as universidades existentes em vosso estado  pretendem avaliar o sucesso de suas  inovações a favor dos estudantes  especiais?
  
 8.    Essas  universidades mantêm programas educacionais para convivência pró-ativa com os alunos  especiais (corpo docente e  discente)?
  
 9.    As  universidades desenvolvem pesquisas e produtos para melhor atendimento aos PPDs?  
  
 a.    Podem  relacionar esses projetos  de P&D?
  
 10.               As  universidades de vossa região têm  acordos, convênios ou  programas de intercâmbio técnico e cultural com outras universidades e ONGs para  melhor atendimento aos  surdos?
  
 Temos a convicção reforçada  por algumas verificações pessoais de que  nossas universidades estatais não se  prepararam para atender  os portadores de deficiências, principalmente os surdos. Além de  vestibulares inadequados, o que reduz substancialmente a presença  desse tipo de aluno em  suas salas de aula,  não vimos, por exemplo,  treinamento de professores para a apresentação de suas  aulas.
 Quando questionados apresentam planos abrangentes, vagos e prolixos mas  sem propostas objetivas, concretas. Se cobrados com mais rigor alegam falta de  recursos materiais, de criação de vagas etc.
 Podemos, ainda, reforçar nosso  questionamento lembrando que existe a possibilidade de desenvolvimento de recursos para melhor comunicação entre alunos e  professores, como, por  exemplo, disponibilizar via  Internet suas matérias  com explicações detalhadas das aulas proferidas. Nesse sentido propomos em diversas ocasiões no estado do  Paraná a criação de bibliotecas de livros didáticos  em formato eletrônico. 
 A oferta de livros didáticos  em formato eletrônico seria útil a todos os  alunos, mas, para os surdos e cegos,  poderia ser enriquecida por padrões especiais de modo a se viabilizarem como fontes  de comunicação eficientes.
 Tendo lecionado na Universidade  Tuiuti, CEFET, UFPR e UFSC em  épocas diferentes e acompanhando os desafios da inclusão,  entendemos que existe a necessidade de um esforço  maior, permanente e objetivo para a  viabilização do aluno portador  de deficiência nas universidades. O problema vem de fora delas, principalmente na falta de educação de alunos e professores em  todos os níveis, e se cristaliza numa visão quase  fatalista no ambiente universitário estatal (falta  de verbas, rotatividade de comando, baixo  nível de agressividade dos alunos especiais  na luta pelos seus  direitos  etc).
 Conhecendo a superestrutura e o  corporativismo dominante nas escolas de terceiro grau,  principalmente naquelas sob comando de  governo, entendemos que se faz necessário  criar e manter pressão forte para que se preparem e  atendam bem os alunos especiais. Nossas estatísticas são  indicadores eloqüentes da exclusão implícita e explícita a partir de  cursos de segundo grau,  precariamente acessíveis ao aluno  especial, vestibulares mal feitos e a dificuldade de permanência com  bom aproveitamento em nossas universidades. 
 O pesadelo do estudante portador de deficiência, quando não  múltiplas, pode ser minimizado se todos trabalharem para a  solução dessa adversidade, via de  regra sem qualquer  responsabilidade do aluno especial,  nessa condição como vítima de  acidentes, medicação inadequada, má  alimentação, questões genéticas etc.
  
 Sem  mais para o  momento, subscrevemo-nos  
 Atenciosamente
  
 Atenciosamente
  
  
  
 João Carlos Cascaes
 Diretor Técnico da Associação  Brasileira de Defesa Cívica -  ABDC
 Curitiba, 06.04.2008
 Coordenadas:   
 jccascaes@onda.com.br
     Rua  Dorival Pereira Jorge, 282, Vila Isabel, Curitiba PR  80320-060
   Telefax: x41 3242 7082
  
 Ciente
 Ariadne Zippin Monteiro da Silva
 Presidente  da Associação Brasileira de Defesa Cívica -  ABDC
 
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